LEMBRANÇAS DE UMA ESPERA

  • Anchieta

Resumo

Ventava muito quando o carteiro passou pela Rua Magnólia naquela tarde de outono,
carregando um envelope grande até a casa de numero 72. Para qualquer transeunte, o carteiro
parecia ser o mais silencioso componente da rua, com seus passos silenciosos e movimentos
rápidos e hábeis. Para uma pessoa, porém, os passos pareciam alto-falantes gritando pela
calçada. A atenção desses ouvidos não era mera casualidade do destino. Eram resultados de
um exercício mental, que memorizara os passos do carteiro. Mesmo que fosse um novo passo
a cada dia e que o carteiro fosse diferente, ou que os sapatos do carteiro fossem novos, ou que
a sola dos sapatos antigos estivesse gasta, ela sempre reconhecia, ela sempre ouvia. Ouviu
também quando a portinha da caixa de correspondências fechou.

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Artigos