AGGRO-EFFECT E UTOPIA: O ÉPICO NA PEÇA SAVED DE EDWARD BOND
Abstract
O presente artigo tem por objetivo contrastar a noção de aggro-effect do dramaturgo britânico
Edward Bond (1934- ) e o conhecido efeito de estranhamento (Verfremdungseffekt) teorizado
pelo dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956) no que se refere à peça Saved (1965), de
Edward Bond. É tomada para análise a relação que os elementos da peça têm com o teatro e
as técnicas épicas, partindo principalmente da cena mais conhecida da peça de Bond, em que
um bebê é apedrejado até a morte. Para tanto, no trabalho de Christopher Innes e Anatol
Rosenfeld, buscam-se bases para se tentar entender os propósitos e as implicações políticas da
adoção de um tipo de estranhamento gerado pelo uso da violência, no caso específico de
Bond. Analisa-se por fim o quanto a peça aponta para a ideia de uma utopia, presente na
década de 1960, diante da iminência de mudanças estruturais na sociedade. Desse modo,
esboça-se um questionamento do impacto do épico e seu lugar na atualidade, especialmente
da possibilidade de utopia a partir da arte, em especial, do teatro de matriz brechtiana.