A RECOMPENSA COMO SUBSTITUTA DO AFETO:
INCENTIVO AO CONSUMISMO
Resumen
A cultura do consumo tem se estabelecido como reguladora da vida pós-moderna, onde a procura por uma vida
sem problemas é cada vez mais intensa e precoce. A aquisição de bens aparece como uma forma de substituição
material para relações afetivas deficientes ou insuficientes. Vários autores apontam as relações baseadas no
consumo como danosas à infância e prejudiciais à formação de vínculos afetivos consistentes, além de
distorcerem a visão da criança sobre a afetividade. Neste estudo analisa-se a maneira como o afeto vem sendo
associado às recompensas materiais ou mesmo substituído por elas nas relações entre mães e filhos, através da
comparação entre as respostas de mães de escolas públicas e particulares. Identificou-se que, embora se suponha
que as famílias com maior poder aquisitivo apresentem maior tendência a fazer tal associação, são as mães de
escolas públicas as que mais associam o presente ao sentimento de felicidade de seus filhos e de si mesmas.
Além disso, a oferta de presentes aparece nos dois grupos, intensamente ligada ao merecimento, de modo que ao
associar o recebimento de presentes às manifestações afetivas e ao mérito, é provável que a criança entenda que
o afeto de suas mães como algo que precisa ser conquistado através de comportamentos estabelecidos como
adequados.